sexta-feira, 13 de abril de 2012

Menstruação e amor? Um e outro vem na mesma enxurrada para Yara

O grupo indígena Karajá que habita a bacia do Rio Araguaia possui uma lenda bastante curiosa que associa o ciclo menstrual à piranha vermelha. Segundo a lenda Karajá, a menstruação ocorre quando esse peixe agressivo se agita no útero da mulher. Pois se o peixe tem algum pertencimento com a primeira menstruação de Yara eu não sei e nem ela, mas em algum trecho da escritura do destino de Yara estes dois fatores se dão um nó. Ora, não é que a danada nem se assustou com seu primeiro derramamento de sangue, ainda que fosse criada na brenhas da caatinga do sertão baiano? Conversas em casa sobre sexualidade? Vixe, Maria. Era assunto dos mais incômodos para dois sertanejos calejados pela agresteza do lugar e da vida que eram seus pais. Não, disso não se falava, se aprendia com a vida. E foi justamente ela quem ensinou tudo pra Yara, para seu bem e/ou para seu mal.Pois bem, logo que começaram as primeiras sangrias entre as pernas da agora mocinha, começaram também uns formigamentos estranhos, juntamente com uma dorzinha de morrer, que subia pelo ventre e respondia na boca do estômago. Era daquelas de dar vontade de roçar uma perna na outra pra dor aliviar e ela só aumenta e dá vontade de doer mais um pouquinho. Yara não sabia o que era aquilo, mas estava já gostando...Até a sua primeira, como posso dizer?, hemorragia, Yara ainda não havia reparado num certo moço que andava lidando com o seu pai, seu Pedro Galego. Ele até que era jeitoso, tinha uma cara bonita, braços e pernas fortes e andar firme como o de um macho demarcando território. Juca, era o nome do macho, ainda era bem novo, mas já se via um homem forte e vivido dentro dele. O moço quase nunca olhava pra Yara e nem ela pra ele, mas não é que agora ele merecia uma olhada mais demorada? Dava um calor na moça olhar pra ele. Quando o moço montava no cavalo então o coração de Yara era que disparava. Ela sentia um-não-sei-quê nas entranhas. Dava agonia, mas era bom. Quando Juca ia embora ela ainda ficava sentindo aquela dorzinha e a vontade de ver ele de novo.Yara não sabia, mas estava se apaixonando pelo seu primeiro macho, estava sentindo o que as desavergonhadas da rua, nos dias de missa, chamam de tesão. Aquilo lá era coisa pra mulher sentir? Não, Yara não podia aceitar que sentia o mesmo que gatas, cadelas, cabras e vacas sentiam na hora de enxertar. Ela não era bicho!Mas a presença de Juca sempre mostrava a Yara o quanto selvagem pode ser o desejo da mulher quando quer homem, muito mais que vaca, porca, éguas e outras do reino animal feminino. E a selvageria doma a mulher no cio, ela nunca se domina quando o seu homem já sentiu o cheiro da fêmea desejosa de carne masculina. E Juca sentiu o cheiro de Yara...

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